Atropelamento de Jovem por Ônibus em Curitiba. A morte de um adolescente de 14 anos, atropelado após pegar “rabeira” em um corredor exclusivo de ônibus, não é apenas mais uma estatística trágica no trânsito da capital paranaense.
É um golpe na imagem de uma cidade que se orgulha de ser o berço do BRT (Bus Rapid Transit) no mundo, modelo copiado em metrópoles como Bogotá, Cidade do México e Jacarta.
Os corredores de Curitiba, que deveriam simbolizar eficiência, segurança e inovação em mobilidade urbana com seus ônibus biarticulados, estão, cada vez mais, sendo palco de imprudências que terminam em sangue.
Sobre o atropelamento de Jovem por Ônibus em Curitiba
O acidente aconteceu na Linha Verde, na altura do bairro Xaxim, em Curitiba, quando o jovem, agarrado à traseira de um ônibus, foi atingido por outro veículo no sentido contrário.
A cena, infelizmente, não é incomum. Andar, correr ou pegar carona irregular nos corredores virou um hábito perigoso entre adolescentes, seja por desafio, pressão de grupo ou simples falta de orientação. Mas o preço dessa ousadia, desta vez, foi a vida de um menino que, segundo o prefeito Eduardo Pimentel, já havia se envolvido em dois acidentes anteriores fazendo a mesma coisa.
A Ironia Trágica: O Sistema que Inspirou o Mundo e os Jovens que Brincam com a Morte
Curitiba não inventou apenas um modelo de transporte. Inventou um conceito de cidade inteligente, onde os corredores exclusivos garantem agilidade, pontualidade e menor emissão de poluentes. Enquanto outras metrópoles sofrem com engarrafamentos intermináveis, os ônibus de Curitiba deslizam por vias dedicadas, tornando o transporte público uma alternativa real aos carros.
Mas essa eficiência está sendo sabotada por uma cultura de risco. Adolescentes transformam os corredores em pistas de corrida, ciclistas cortam caminho entre os biarticulados, e turistas arriscam selfies entre os tubos.
O resultado? 70 acidentes em 2023, 16 só nos primeiros meses de 2024, com 18 feridos e agora uma morte. Os números não mentem: o que era para ser um orgulho da engenharia urbana está se tornando um cenário de tragédias evitáveis.
O Dilema dos Motoristas: Multa, Processo ou Revolta dos Passageiros?
Após o atropelamento de Jovem por Ônibus em Curitiba, a prefeitura prometeu mais fiscalização e campanhas educativas, quem está na linha de frente – os motoristas – vive um conflito diário. Se param o ônibus para chamar a polícia quando veem jovens pegando rabeira, são xingados por passageiros que reclamam do atraso. Se ignoram, podem ser responsabilizados caso ocorra um acidente.
E se tentam intervir, correm o risco de serem processados por “assedio” ou “ameaça”.
Não é exagero dizer que o sistema que deveria ser um exemplo de ordem virou um campo minado para quem opera os ônibus.
O que Pode (e Deve) Ser Feito?
A prefeitura anunciou medidas, mas é preciso ir além:
Multas pesadas – Um projeto de lei quer penalizar a “rabeira” com R$ 600 por infração.
Tecnologia anti-intrusão – Já há ônibus com placas que impedem o apoio de pés na traseira.
Fiscalização integrada – Guarda Municipal, Setran e polícia precisam agir não só nas blitzes, mas diariamente.
Conscientização real – Campanhas nas escolas, terminais e redes sociais, mostrando não só o risco de morte, mas o custo para a cidade.
Curitiba Não Pode Perder Seu Legado
Os corredores de ônibus de Curitiba são mais do que vias – são um símbolo de planejamento urbano que deu certo. Mas símbolos não valem nada se forem manchados por mortes evitáveis. Se nada for feito, a cidade que inspirou o mundo pode virar notícia pelos motivos errados: imprudência, descaso e tragédias anunciadas.
A morte desse adolescente precisa ser o último aviso.
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