O fechamento da Estação Rodoviária de Santiago, no Rio Grande do Sul, marca o fim de uma era para o transporte intermunicipal na região. Após 70 anos de operação, a rodoviária de Santiago encerrará suas atividades em 5 de abril de 2025, conforme anúncio da família Viero, administradora do terminal desde sua inauguração em 1954.
A decisão de encerramento se dá por diversos fatores, incluindo queda no número de passageiros, dificuldades financeiras, alta concorrência com novos meios de transporte e custos operacionais elevados. Com isso, Santiago pode ficar temporariamente sem um terminal rodoviário, afetando diretamente moradores, turistas e trabalhadores que dependem dos ônibus intermunicipais.
Mas o que acontece a partir de agora? Quais as alternativas? E como essa situação reflete mudanças no transporte rodoviário brasileiro?
Uma das empresas que operava na Rodoviária de Santiago a Expresso São Pedro, encerrou suas atividades recentemente. Relembre aqui.
Por Que a Rodoviária de Santiago Está Fechando?
O administrador Jorge Viero explicou que, apesar de a concessão atual ser válida até 2034, a operação para manter o atual prédio da Rodoviária de Santiago se tornou financeiramente inviável. Entre os principais motivos estão:
- Queda na demanda de passageiros: Mesmo após o fim das restrições da pandemia, o volume de passageiros não voltou ao que era antes de 2020. Atualmente, a rodoviária opera com apenas 50% da capacidade pré-pandemia.
- Altos custos operacionais: Manutenção do prédio, tributos, pagamento de funcionários e despesas gerais tornam o serviço cada vez mais caro.
- Concorrência de aplicativos e caronas organizadas: Com mais passageiros optando por alternativas digitais, como Uber, BlaBlaCar e grupos de caronas, o transporte rodoviário convencional enfrenta uma grande perda de clientes.
- Impactos climáticos e estruturais: Além da pandemia, enchentes e outros eventos climáticos afetaram o movimento da rodoviária nos últimos anos, prejudicando a recuperação financeira.
Diante desse cenário, a família Viero busca alternativas para que o serviço continue, seja por meio da venda ou locação do prédio para outra empresa interessada em assumir a concessão. No entanto, se nenhum investidor surgir até abril de 2025, Santiago ficará sem rodoviária por tempo indeterminado.
O Que Acontece Com Passageiros e Turistas Agora?
O fechamento da rodoviária gera incerteza para quem depende do transporte intermunicipal. Algumas rotas já foram reduzidas ou suspensas, e o risco de mais cortes preocupa toda a comunidade em torno da rodoviária.
Linhas afetadas:
- Algumas conexões tradicionais já foram extintas, como as que ligavam Santiago a Santo Ângelo, Ijuí, Cruz Alta e Alegrete.
- As rotas para São Luiz Gonzaga e São Francisco de Assis ainda operam, mas com menor frequência.
- Viagens para Porto Alegre e Santa Maria, que são essenciais para a região, também perderam horários e podem sofrer novos cortes.
Possíveis cenários com o fim da Rodoviária de Santiago
- Deslocamento para cidades vizinhas: Sem rodoviária, passageiros poderão precisar viajar até outra cidade para embarcar em ônibus intermunicipais.
- Pontos alternativos de embarque e desembarque: Empresas de transporte podem operar diretamente em pontos específicos da cidade, como postos de combustíveis ou locais improvisados, reduzindo a estrutura de atendimento.
- Aumento na dependência de transportes alternativos: Com menos ônibus disponíveis, cresce o uso de aplicativos de carona, táxis e fretamentos particulares.
Para os turistas, a falta de um terminal rodoviário estruturado pode dificultar o acesso à cidade, afetando o comércio local.
Alternativas Para Manter o Serviço de Transporte na Cidade
A família Viero segue tentando encontrar soluções para evitar que Santiago fique sem rodoviária. Algumas possibilidades incluem:
Venda ou locação do prédio – Se uma nova empresa assumir a concessão, a rodoviária pode continuar operando, mantendo os serviços essenciais para a população.
Transferência da concessão para outra empresa – Caso uma operadora de transporte demonstre interesse, ela pode assumir as operações e modernizar o terminal.
Criação de um terminal menor e descentralizado – Em algumas cidades, rodoviárias foram substituídas por pontos estratégicos de embarque e desembarque, reduzindo custos operacionais.
Parceria público-privada para reestruturação – O município pode tornar a rodoviária mais viável financeiramente.
Mudanças no Transporte Rodoviário: Como o Setor Enfrenta a Concorrência?
O caso da rodoviária de Santiago não é isolado. Nos últimos anos, várias rodoviárias pelo Brasil enfrentaram dificuldades devido à mudança nos hábitos de transporte da população.
O que mudou desde os anos 80, 90 e início dos anos 2000?
Expansão dos veículos particulares: Antes, muitas pessoas dependiam de ônibus para viajar, mas o aumento no número de carros e motos reduziu essa dependência.
Concorrência com aplicativos de transporte: Plataformas como Uber, BlaBlaCar e 99 oferecem alternativas mais flexíveis e personalizadas, atraindo passageiros que antes usariam ônibus rodoviários.
Popularização das passagens aéreas: O transporte rodoviário perdeu parte dos clientes para companhias aéreas low-cost, que passaram a oferecer promoções e preços competitivos para destinos mais distantes.
Por que o transporte rodoviário está perdendo espaço?
- Menos horários disponíveis: Com a queda na demanda, muitas empresas de transporte rodoviário reduziram frequências, tornando o serviço menos conveniente para passageiros.
- Falta de inovação: Enquanto o setor aéreo e os aplicativos investem em tecnologia e serviços personalizados, algumas empresas de ônibus mantêm modelos tradicionais de operação, sem atrativos para novos clientes.
- Infraestrutura defasada: Muitas rodoviárias não passaram por reformas ou modernizações, tornando-se menos atrativas e competitivas.
O Futuro do Transporte Rodoviário em Pequenas Cidades
O fechamento da Rodoviária de Santiago expõe um desafio maior enfrentado pelo transporte rodoviário no Brasil. A perda de passageiros para alternativas mais flexíveis e modernas exige que o setor se adapte rapidamente para sobreviver.
Para evitar que mais rodoviárias fechem, é essencial que empresas de transporte, municípios e governo criem novas estratégias para tornar o serviço mais atraente e competitivo.
Agora, resta saber: haverá interesse em manter a rodoviária de Santiago funcionando ou a cidade entrará para a lista de cidades sem terminal rodoviário?
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