Gontijo Desiste de linha internacional. O Encerramento da Rota Salvador-Assunção

Gontijo desiste de linha internacional. A Gontijo, uma das principais empresas de transporte rodoviário do Brasil, anunciou em 2024 o encerramento de sua única linha internacional, que conectava Salvador, na Bahia, à capital paraguaia, Assunção.

Essa rota tinha um papel relevante na malha rodoviária da empresa até o começo dos anos 2000, mas enfrentou uma série de desafios que culminaram na decisão de descontinuidade. Vamos entender os motivos por trás dessa decisão e os impactos no setor.

Com a saída da Gontijo desse mercado, o setor precisa repensar estratégias para garantir a viabilidade de linhas internacionais e promover maior conectividade na América do Sul.

A Gontijo, por sua vez, segue consolidando sua posição como uma das líderes no transporte rodoviário nacional, reafirmando seu compromisso com os passageiros brasileiros.

Gontijo desiste de linha internacional
Ônibus da empresa atravessando a fronteira do Brasil com o Paraguai

Serviço Internacional é importante para a Gontijo?

Com uma história consolidada no mercado rodoviário nacional, a Gontijo também tentou expandir sua atuação para o transporte internacional. A linha Salvador-Assunção era um exemplo desse esforço, conectando passageiros de dois países em uma rota que exigia planejamento operacional e regulatório diferenciado.

Entretanto, apesar do prestígio associado a uma operação internacional, a Gontijo decidiu concentrar suas operações no mercado doméstico. A decisão de renunciar à rota foi oficializada pela ANTT por meio da Decisão SUPAS nº 2.776, publicada em novembro de 2024.

Por Que a Gontijo Encerrou a Linha Salvador-Assunção?

Demanda Insuficiente

Longo tempo de viagem: A viagem de ônibus entre Salvador e Assunção é longa e cansativa, algo que desestimula passageiros em busca de conforto e agilidade, especialmente com o transporte aéreo.

População-alvo: Salvador e Assunção têm diferenças culturais e econômicas que podem impactar o volume de passageiros. O fluxo de pessoas entre as duas cidades pode não ter atingido níveis suficientes para justificar a manutenção da linha.

Concorrência com outros meios: O transporte aéreo tornou-se cada vez mais competitivo, especialmente em voos internacionais. A oferta de voos entre Brasil e Paraguai, muitas vezes com preços acessíveis, pode ter reduzido a demanda por viagens rodoviárias.

Altos Custos Operacionais

Manter uma linha internacional exige recursos financeiros consideráveis:

Custos de combustível: No Brasil, o preço do diesel é um dos mais elevados da América Latina.
Manutenção: A frota precisa ser mantida em padrões rigorosos para atender às regulamentações brasileiras e paraguaias.
Taxas alfandegárias: O transporte internacional enfrenta tarifas e taxas específicas, além de burocracias que aumentam os custos.

Mudanças no Perfil dos Passageiros

Evolução no comportamento de consumo: Muitos passageiros que utilizavam o ônibus para viagens internacionais têm optado por transporte aéreo devido ao custo-benefício e menor tempo de viagem.
Alternativas regionais: É possível que outros serviços, como ônibus fretados ou viagens combinadas (ônibus + avião), tenham captado parte da demanda, reduzindo ainda mais o público da Gontijo.

Mudança no Foco Estratégico

Com 282 linhas nacionais em operação, a Gontijo optou por priorizar rotas domésticas mais rentáveis. Essa decisão permite à empresa otimizar recursos e melhorar a experiência do cliente no mercado interno, onde a demanda é consistente.

A Gontijo tem mudado significativamente seu perfil de investimentos, alinhando-se às demandas modernas do transporte rodoviário, além de ter intensificado uma campanha de descontos para passagens compradas com antecedência no programa Gontijo Passsagens.

Recentemente, a empresa ampliou sua frota com novos Ônibus Double Decker equipados com motores de Tecnologia Euro 6, que atendem às mais rígidas normas ambientais e proporcionam maior eficiência energética.

Além disso, a Gontijo tem apostado na diversificação dos serviços, aumentando a oferta de ônibus leito e ônibus executivo em um único veículo, especialmente em rotas de curta distância. Essa estratégia visa atender um público que valoriza o conforto e a praticidade de viajar de ônibus, mas busca alternativas econômicas e rápidas para trajetos mais curtos.