Morre Camilo Cola Filho. Morreu um dos últimos membros de uma das famílias mais misteriosas e influentes do setor de transportes rodoviários do país. Camilo Cola Filho, conhecido carinhosamente como “Camilinho”, faleceu aos 69 anos, deixando um legado de mistério, poder e uma história familiar que sempre foi cercada por curiosidade e controvérsias.
A História de Camilo Cola e sua Família
Camilo Cola, o pai adotivo de Camilinho, foi o fundador e grande responsável pelo império da Viação Itapemirim, um dos maiores nomes do transporte rodoviário no Brasil. Camilo Cola Sr., que faleceu aos 97 anos em 2021, não pôde ter filhos biológicos devido a uma condição de infertilidade, mas isso não impediu que ele formasse uma família.
Camilo Cola, um homem marcado pela história e pelas adversidades, viveu experiências que moldaram sua vida de formas intensas e profundas.
Aos 21 anos de idade, foi tenente na Segunda Guerra Mundial, onde esteve em uma situação de risco extremo, estando muito próximo de uma bomba que explodiu perto dele.
O impacto da explosão causou ferimentos graves, afetando, entre outras coisas, seu sistema reprodutor, o que resultou em sua infertilidade permanente.
Esse desafio biológico, contudo, não impediu Camilo e sua esposa, Ignez Massad Cola, de formarem uma família.
Ao invés de seguirem o caminho tradicional da paternidade biológica, o casal optou por adotar, começando com Camilinho, um menino de apenas 4 anos. A adoção não só representou a superação de uma limitação pessoal de Camilo, mas também o início de uma nova etapa na vida do casal, que encontrou no amor e no cuidado a verdadeira paternidade.
A escolha do nome “Camilo Cola Filho” não foi apenas uma homenagem ao pai adotivo, mas também um elo profundo com a história da família e o império que Camilo Cola Sr. havia construído.
Dois anos depois de adotar Camilinho, o casal ampliaria a família com a chegada de Ana Maria, irmã biológica de Camilinho. No entanto, a dinâmica entre os dois irmãos adotivos nunca foi simples.
Morre Camilo Cola Filho um dos Herdeiros da Viação Itapemirim
O império fundado por Camilo Cola Sr., que já foi considerado uma das maiores potências do setor de transporte rodoviário do Brasil, teve a família Cola como peça central nas decisões que definiram seu destino — incluindo, tragicamente, a própria falência da Viação Itapemirim.
O falecimento de Camilo Cola Filho ocorre em um momento de incertezas, marcado pela luta silenciosa e prolongada pela herança e pelo controle do império da família Cola.
Como filho adotivo, Camilinho sempre buscou uma posição de destaque dentro dos negócios da família, buscando equilibrar seu papel de destaque com a complexa dinâmica de poder.
Atualmente, do antigo império da família Cola, a Marbrasa (Mármores e Granitos) é a única empresa que permanece sólida — sustentada principalmente pela gestão de sua filha Andrea.
Ao contrário da Viação Itapemirim, a Marbrasa sempre adotou um modelo de administração distinto, com foco técnico, visão estratégica e atuação com atenção ao mercado internacional.
Por estar inserida em um contexto global e sujeita a autarquias e normas internacionais, a empresa seguiu um formato de gestão mais estruturado e profissional, o que explica seu desempenho consistente e o sucesso que ainda mantém.
A Relação entre “Camilinho” e sua irmã adotiva Ana Maria: Tensão e Distanciamento
A história de Camilinho e Ana Maria não se resume a um conto de amor e afeto, mas, sim, a uma narrativa repleta de ambição, ressentimentos e sentimentos conflitantes.
Ana Maria, em uma entrevista reveladora em 2011, expressou seu desconforto com a diferença de tratamento entre ela e o irmão adotivo, afirmando que “Ele podia opinar em tudo e eu, em nada”.
Suas palavras revelam uma profunda frustração com a desigualdade que sentia dentro da família, um reflexo de como o poder e a herança da Viação Itapemirim se tornaram a principal força motriz dentro da casa dos Cola.
Ela ainda afirmou que foi levada para o orfanato por uma freira da Santa Casa, e que, muitas vezes, se sentia à margem da família, enquanto Camilinho acompanhava o pai adotivo em suas viagens e decisões de negócios.
De acordo com Ana Maria, as tensões dentro da casa foram intensas a ponto de ela se casar aos 18 anos para fugir da situação. A discrepância no tratamento entre os irmãos reflete, em muitos aspectos, a complexa dinâmica de poder e herança que sempre permeou o universo da família Cola.
O Legado Inacabado da Família Cola
“Camilinho” viveu à sombra de seu pai e também não teve a oportunidade de assumir completamente o legado que parecia lhe ser destinado, com uma trajetória marcada por desafios e tensões familiares.
Com sua morte, a esperança de um possível futuro renovado para parte dos negócios da família parece ter morrido na praia, deixando para trás um império que, embora tenha sido um dos maiores do Brasil, agora enfrenta incertezas sobre o que virá a seguir.
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