Os ônibus biarticulados no Brasil representam um capítulo muito importante na evolução do transporte público urbano em nosso país. A introdução desse tipo de modelo no mercado, foi marcada por um esforço contínuo para atender às crescentes demandas de mobilidade em cidades densamente povoadas, onde a eficiência e a capacidade de transporte são prioritárias.
Com sua capacidade de transportar um número significativamente maior de passageiros comparado ao ônibus convencional e o ônibus articulado.
Os ônibus biarticulados surgiram nos anos 90 como uma solução robusta para reduzir o congestionamento e melhorar a logística de transporte coletivo.
A cidade de Curitiba, pioneira em planejamento urbano e inovação em transporte no Brasil, foi a primeira cidade a implementar esses veículos como parte de seu revolucionário sistema de Bus Rapid Transit (BRT).
O Contexto dos Ônibus Biarticulados no Sistema BRT
BRT é a sigla para “Bus Rapid Transit”, que em português significa “Transporte Rápido por Ônibus”.
Esse sistema é projetado para oferecer serviços de transporte coletivo rápidos, eficientes e de alta capacidade por meio de ônibus que operam em vias segregadas ou exclusivas, proporcionando uma alternativa eficaz aos métodos tradicionais de transporte público como o metrô e o trânsito comum de veículos.
Desenvolvido originalmente na década de 1970, o BRT foi projetado para melhorar a eficiência do transporte em massa urbano sem a necessidade de investimentos extensivos em infraestrutura subterrânea para implantação de sistemas de metrô por exemplo.
No final da década de 80, peritos em transporte sinalizavam que o sistema precisava de veículos ainda maiores para cumprir com eficiência sua missão, foi então que na década de 90 (1992) que a Volvo, em parceria com a prefeitura de Curitiba desenvolveu o primeiro ônibus biarticulado nacional com chassi Volvo B58.
Características Fundamentais do Sistema BRT
- Corredores Exclusivos: Uma das características mais distintivas do BRT é a utilização de corredores exclusivos com utilização de ônibus articulados ou biarticulados. Com faixas de tráfego separadas do tráfego geral. Isso permite que os ônibus operem livre de congestionamentos, garantindo um transporte mais rápido e confiável.
- Estações de Qualidade: As estações de BRT são projetadas para permitir embarques rápidos e eficientes, semelhantes aos sistemas de metrô. Frequentemente, as estações são elevadas, com plataformas ao nível dos ônibus, facilitando o acesso rápido e acessível, inclusive para passageiros com mobilidade reduzida.
- Prioridade de Sinalização: Em muitos sistemas de BRT, os ônibus recebem prioridade nos semáforos, o que reduz o tempo de espera nas interseções e melhora a velocidade geral do serviço.
- Sistemas Integrados de Cobrança: A tarifação no BRT geralmente ocorre antes do embarque, por meio de um sistema de cobrança integrado que permite a transferência fácil entre diferentes linhas de ônibus e outros modos de transporte público, como trens e metrôs.
- Veículos Modernos e Adaptados: Os ônibus usados nos sistemas de BRT são geralmente modernos, com capacidade para um grande número de passageiros. Muitos são articulados ou biarticulados para maximizar a capacidade, e alguns sistemas estão adotando ônibus elétricos ou híbridos para reduzir emissões e ruído.
O sistema de BRT de Curitiba, iniciado em 1974, foi uma das primeiras implementações do conceito no mundo.
Utilizando corredores exclusivos para ônibus, estações de embarque rápidas e eficientes, e a integração com rotas alimentadoras, o BRT proporcionou uma alternativa rápida e confiável ao transporte convencional e ao uso de veículos particulares.
Os ônibus biarticulados, com sua alta capacidade de até 270 passageiros, tornaram-se fundamentais para este sistema, permitindo que grandes volumes de pessoas fossem transportadas com eficiência, especialmente durante os horários de pico.
Benefícios do BRT
Custo-Eficiência: O BRT é significativamente mais barato para implementar e manter do que os sistemas de metrô ou trilho, principalmente porque utiliza a infraestrutura viária existente e requer menos construção civil complexa.
Flexibilidade: Ao contrário dos trilhos, os corredores de BRT podem ser modificados ou expandidos com relativa facilidade para atender a mudanças na demanda ou no desenvolvimento urbano.
Redução de Congestionamentos: Ao oferecer uma alternativa rápida e confiável ao uso de carros particulares, os sistemas de BRT podem significativamente reduzir o congestionamento nas cidades.
Sustentabilidade Ambiental: Com a implementação de ônibus mais limpos e a redução do número de veículos particulares na estrada, o BRT contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa e outros poluentes.
Exemplos Globais do sistema BRT
A cidade de Curitiba é frequentemente citada como o berço do BRT moderno, com seu sistema inovador implementado na década de 1970. Desde então, muitas outras cidades ao redor do mundo adotaram o BRT, incluindo Bogotá, Colômbia, com seu famoso sistema TransMilenio, e Guangzhou na China, que possui um dos sistemas de BRT de maior capacidade no mundo.
O BRT continua a ser uma solução atraente para cidades que buscam melhorar seu transporte público de maneira custo-efetiva e sustentável, adaptando-se às necessidades urbanas em constante mudança.
Ônibus Biarticulados Volvo em Curitiba
A presença estratégica da fábrica da Volvo na cidade facilitou a introdução e a adaptação desses grandes veículos às necessidades específicas do sistema de transporte público local, estabelecendo um modelo que seria admirado e replicado em várias partes do mundo.
Neste contexto, a Volvo emergiu como líder indiscutível no fornecimento de ônibus biarticulados em Curitiba, dominando o mercado com chassis que foram aperfeiçoados ao longo dos anos, onde podemos citar a forte presença dos modelos Volvo B58, Volvo B10M e Volvo B12M como as grandes referências da marca para ônibus biarticulados em Curitiba e no Brasil.
A introdução dos ônibus biarticulados Volvo não apenas revolucionou o transporte público em termos de capacidade e eficiência, mas também demonstrou o compromisso do Brasil com soluções inovadoras de mobilidade urbana, influenciando positivamente a qualidade de vida nas cidades e a sustentabilidade do ambiente urbano.
Ônibus Biarticulados no Brasil
A implementação de ônibus biarticulados em sistemas de transporte urbano é uma estratégia eficaz adotada por várias cidades brasileiras para lidar com a alta demanda de passageiros e os desafios de mobilidade urbana.
Além de Curitiba, outras grandes cidades como São Paulo, Campinas, Goiânia, Rio de Janeiro e Manaus também incorporaram ou testaram ônibus biarticulados em seus sistemas de transporte.
São Paulo
São Paulo, com um dos sistemas de transporte mais complexos e extensos do Brasil, testou ônibus biarticulados como parte de seus esforços para melhorar a capacidade e a eficiência do transporte público.
Os ônibus biarticulados foram considerados para operar em corredores de ônibus de alta demanda, especialmente aqueles que conectam regiões periféricas ao centro da cidade.
No entanto, a cidade enfrenta desafios relacionados à infraestrutura adequada para acomodar veículos tão grandes em algumas rotas.
Campinas
Em Campinas, os ônibus biarticulados foram introduzidos para melhorar o sistema de transporte público e reduzir o congestionamento. A cidade implementou corredores exclusivos para ônibus que permitem o tráfego eficiente desses veículos grandes, melhorando significativamente a experiência de transporte para os usuários diários, mas atualmente a frota de ônibus biarticulados, deram lugar a ônibus articulados tradicionais
Goiânia
Goiânia também adotou ônibus biarticulados para atender à crescente demanda por transporte público eficiente. A cidade incorporou esses ônibus em suas principais rotas de transporte, contribuindo para uma redução significativa no tempo de viagem e um aumento na capacidade de passageiros transportados.
Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro tem explorado o uso de ônibus biarticulados em seus corredores de BRT, especialmente para os Jogos Olímpicos de 2016. Esses veículos foram parte do sistema TransCarioca, que conecta diferentes partes da cidade e oferece uma alternativa rápida aos modos de transporte convencionais.
Entretanto, o alto custo de manutenção e a mudança de gestão ao longo do tempo fez com que os ônibus biarticulados no Rio de Janeiro dessem lugar à ônibus articulados tradicionais ou super articulados.
Manaus
Manaus introduziu ônibus biarticulados para melhorar a capacidade de seu sistema de transporte público e atender à demanda em rotas de alta densidade.
A cidade enfrenta desafios únicos devido à sua localização e infraestrutura, mas os ônibus biarticulados têm ajudado a proporcionar uma solução mais eficaz e confiável para o transporte urbano.
O Futuro: Ônibus Biarticulado Volvo BZRT Elétrico
O ônibus biarticulado elétrico Volvo BZRT representa uma inovação significativa no setor de transportes, especialmente no contexto do transporte urbano massivo. Este modelo é um exemplo proeminente da capacidade da Volvo de integrar tecnologias avançadas para aumentar a eficiência, a confiabilidade e a sustentabilidade do transporte público.
Características Técnicas do Volvo BZRT Elétrico
Motor Centralizado: O Volvo BZRT possui um motor montado centralmente, uma escolha de design que protege o motor de vibrações excessivas, calor dos freios e impactos de imperfeições na via. Esta configuração ajuda a prolongar a vida útil do motor e da transmissão, resultando em uma operação mais confiável e reduzindo os períodos de inatividade para manutenção.
Potência e Performance: Equipado com dois motores elétricos, o BZRT garante uma potência combinada de 400 kW (equivalente a 540cv), proporcionando um desempenho excepcional, especialmente em subidas. O torque máximo na roda alcança impressionantes 39.500 Nm, facilitando a aceleração e a manutenção da velocidade sob cargas pesadas.
Transmissão Automatizada: A transmissão do BZRT é totalmente automatizada e controlada por software, que utiliza o motor elétrico para sincronizar os eixos de entrada e saída durante as trocas de marcha. Isso não só otimiza o conforto ao mudar de marchas, mas também melhora a eficiência geral do veículo.
Função de Partida em Subidas: Esta funcionalidade é crucial para operação em cidades com relevo variado, evitando que o ônibus retroceda em subidas quando da partida. Isso aumenta a segurança e a confiança na operação do veículo em rotas desafiadoras.
Contexto Comercial e Ambiental
Atualmente, a Volvo se destaca como a única fabricante que comercializa ônibus biarticulados no Brasil, e exclusivamente na versão elétrica. Esse foco na eletrificação responde às crescentes demandas por soluções de transporte mais limpas e sustentáveis.
A decisão de comercializar apenas ônibus elétricos biarticulados alinha-se com as tendências globais de redução de emissões e com a legislação ambiental cada vez mais rigorosa.
Ficha Técnica Volvo Biarticulado Elétrico BZRT
Ônibus Biarticulado Scania F360HA
O ônibus biarticulado Scania F360 foi lançado em 2015 como parte da estratégia da Scania para competir com a Volvo no mercado de ônibus biarticulados no Brasil.
Esse modelo apresenta uma configuração com motorização dianteira, diferenciando-se dos modelos da Volvo que tradicionalmente utilizavam motorização central sob o piso, oferecendo assim um nível superior de conforto devido à menor vibração e ruído na cabine.
Embora o F360HA tenha sido projetado para atender às demandas de sistemas de transporte público com alta capacidade, a solução de motorização dianteira pode resultar em um menor nível de conforto comparado aos modelos da Volvo, que são conhecidos por sua suavidade e estabilidade superiores.
O lançamento do F360HA marcou um esforço significativo da Scania para ampliar sua presença em um segmento dominado pela Volvo, oferecendo uma alternativa robusta e eficiente, embora com algumas concessões em termos de conforto para os motoristas e passageiros.
Apesar das expectativas iniciais, o lançamento do ônibus biarticulado Scania F360HA no Brasil pode ser visto como um caso de insucesso relativo no mercado. O modelo, que visava competir diretamente com as soluções já estabelecidas da Volvo, enfrentou desafios significativos, principalmente devido à sua configuração com motorização dianteira, que oferecia menos conforto em comparação aos modelos com motorização central da Volvo.
Como resultado, a Scania comercializou menos de dez unidades do modelo, refletindo uma recepção morna por parte das operadoras de transporte público. Esse desempenho destaca a importância da inovação alinhada às expectativas e necessidades específicas do mercado local.
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