Antes do Volvo B10M ser um sucesso no transporte rodoviário e urbano no Brasil, o Volvo B58 já havia pavimentado o caminho para o sucesso da marca sueca em nosso país.
Inserido comercialmente no Brasil no 1978, o Volvo B58 trouxe uma revolução para a indústria com seu motor central montado no entre eixos, combinando eficiência, conforto e versatilidade e foi a porta de entrada para os produtos comerciais pesados da Volvo no Brasil.
Esse modelo tornou-se um marco no transporte e é lembrado até hoje por sua confiabilidade e inovação.
Com um legado que atravessou décadas, o B58 não foi apenas um precursor do Volvo B10M; ele foi um modelo que conquistou seu próprio espaço como uma referência no mercado. Vamos explorar por que o Volvo B58 merece ser celebrado como um dos grandes clássicos do transporte.
Motor Central: O Coração do Volvo B58
Uma das maiores inovações do Volvo B58 era seu motor central. Montado no entre eixos, ele oferecia uma série de vantagens operacionais:
- Centro de Gravidade Baixo: Essa configuração proporcionava maior estabilidade, especialmente em curvas e durante manobras em alta velocidade. O B58 era conhecido por sua condução suave e segura, mesmo em estradas sinuosas.
- Maior Capacidade de Bagagem: O motor central ocupava menos espaço do que os motores traseiros, liberando mais área para os bagageiros. Isso o tornava ideal para empresas que precisavam combinar o transporte de passageiros com cargas e encomendas.
- Menos Ruído no Salão: Em comparação com os modelos de motor dianteiro, como o Scania F112 e o S112, o motor central do B58 proporcionava uma experiência muito mais confortável para os passageiros, reduzindo o ruído e as vibrações no salão.
Versatilidade: Um Chassi para Todo Tipo de Operação
O Volvo B58 era um dos chassis mais versáteis de sua época. Ele podia ser configurado para atender tanto operações rodoviárias quanto urbanas, adaptando-se perfeitamente às diferentes necessidades das empresas de transporte.
- Aplicações Rodoviárias: Com motores de até 286 cv e grande capacidade de bagagem, o B58 era amplamente utilizado em rotas de longa distância. Ele se destacava em operações intermunicipais e interestaduais, transportando passageiros e cargas com eficiência.
- Aplicações Urbanas: O Volvo B58 foi utilizado em todas as possibilidades e aplicações de ônibus urbanos em sua época: Ônibus Convencional 4×2, Ônibus Convencional 6×2, Ônibus Articulado e Ônibus Biarticulado.
Em sua configuração articulada, o B58 foi amplamente adotado por sistemas de transporte público em grandes cidades. A estabilidade proporcionada pelo motor central era uma vantagem importante para linhas de alta demanda e em corredores exclusivos.
A flexibilidade do B58 também se refletia na variedade de carrocerias que ele suportava. Fabricantes como Nielson, Marcopolo, Busscar, CAIO, Thamco e Ciferal produziram modelos icônicos baseados nesse chassi, atendendo tanto ao segmento rodoviário quanto ao urbano.
Ficha Técnica do Volvo B58
Abaixo está uma tabela detalhada com as principais configurações do Volvo B58 fabricadas e comercializadas no Brasil:
Ficha Técnica Volvo B58
| Tipo | Chassi Modelo | Potência | Torque | Fabricação |
|---|---|---|---|---|
| B58 250 4×2 Rodoviário | THD 100 D | 250 cv @ 2.200 rpm | 1.000 Nm @ 1.400 rpm | 1978-1983 |
| B58 250 4×2 Urbano | THD 100 D | 250 cv @ 2.200 rpm | 1.000 Nm @ 1.400 rpm | 1978-1983 |
| B58 250 Articulado | THD 100 D | 250 cv @ 2.200 rpm | 1.000 Nm @ 1.400 rpm | 1981-1983 |
| B58 E 217 4×2 Urbano | THD 100 EB | 217 cv @ 2.200 rpm | 960 Nm @ 1.400 rpm | 1983-1988 |
| B58 E 250 4×2 Urbano | THD 100 EC | 250 cv @ 2.200 rpm | 1.000 Nm @ 1.400 rpm | 1983-1988 |
| B58 E 250 Articulado | THD 100 D | 250 cv @ 2.200 rpm | 1.000 Nm @ 1.400 rpm | 1983-1988 |
| B58 E 250 4×2 Rodoviário | THD 100 ED | 250 cv @ 2.200 rpm | 1.000 Nm @ 1.400 rpm | 1983-1988 |
| B58 E 250 6×2 Rodoviário | THD 100 ED | 250 cv @ 2.200 rpm | 1.000 Nm @ 1.400 rpm | 1985-1988 |
| B58 E 275 4×2 Rodoviário | THD 100 ED | 275 cv @ 2.200 rpm | 1.100 Nm @ 1.400 rpm | 1985-1988 |
| B58 E 275 Articulado | THD 100 GD | 275 cv @ 2.200 rpm | 1.100 Nm @ 1.400 rpm | 1988-1994 |
| B58 E 224 4×2 Urbano | THD 101 GB | 224 cv @ 2.200 rpm | 940 Nm @ 1.400 rpm | 1988-1994 |
| B58 E 224 Articulado | THD 101 GB | 224 cv @ 2.200 rpm | 940 Nm @ 1.400 rpm | 1988-1994 |
| B58 E 250 4×2 Urbano | THD 101 GC | 250 cv @ 2.200 rpm | 1.000 Nm @ 1.400 rpm | 1988-1994 |
| B58 E 250 Articulado | THD 101 GC | 250 cv @ 2.200 rpm | 1.000 Nm @ 1.400 rpm | 1988-1994 |
| B58 E 275 Biarticulado | THD 101 KB | 286 cv @ 2.200 rpm | 1.150 Nm @ 1.400 rpm | 1992-1997 |
| B58 ECO 224 4×2 Urbano | THD 102 KF | 224 cv @ 2.200 rpm | 940 Nm @ 1.400 rpm | 1994-1998 |
| B58 ECO 245 4×2 Urbano | THD 102 KF | 245 cv @ 2.200 rpm | 1.050 Nm @ 1.400 rpm | 1994-1998 |
| B58 ECO 245 Articulado | THD 102 KF | 245 cv @ 2.200 rpm | 1.050 Nm @ 1.400 rpm | 1994-1998 |
As principais diferenças entre o Volvo B10M e o Volvo B58 estavam concentradas em dois aspectos-chave: motor e suspensão.
O Volvo B10M contava com motor equipado com intercooler em todas as suas versões, o que proporcionava uma potência superior e maior eficiência térmica em comparação ao B58, que, em todas as suas versões, não possuía esse sistema.
Enquanto o Volvo B58 apresentava uma faixa de potência de 217 a 286 cv, o B10M se destacava com motores mais potentes, que variavam de 245 a 340 cv, adaptando-se melhor a operações exigentes, como longas subidas ou transporte pesado.
Outra diferença significativa estava na suspensão. O Volvo B58 utilizava um esquema misto, combinando molas helicoidais e bolsas de ar, oferecendo um desempenho confiável, mas com menor conforto em terrenos irregulares.
Já o Volvo B10M trouxe a inovação da suspensão pneumática integral, garantindo maior suavidade, estabilidade e conforto tanto em operações rodoviárias quanto urbanas.
Essas diferenças resultavam em um chassi mais simples e econômico no caso do B58, que era mais barato tanto na aquisição quanto na manutenção.
Por isso, muitas empresas preferiam o Volvo B58 para operações de menor demanda ou trajetos menos exigentes, enquanto o B10M se consolidava como uma opção premium, ideal para serviços que demandavam alta performance e conforto.
Principal Desvantagem do Volvo B58
Uma das desvantagens do Volvo B58 era o motor montado horizontalmente e posicionado muito próximo ao solo. Essa configuração, embora funcional para liberar espaço nos bagageiros e garantir um centro de gravidade mais baixo, também trazia desafios.
Não era incomum ouvir relatos de motoristas que enfrentaram problemas sérios devido a impactos causados por pedras, irregularidades no pavimento ou até mesmo ao transitar por lombadas e valetas mais profundas.
Em alguns casos, esses impactos resultavam em danos ao cárter ou até mesmo ao bloco do motor, gerando custos elevados de reparo e períodos de indisponibilidade do veículo.
O Pesadelo dos Mecânicos?
Nem tudo foram flores no caminho nessa trajetória, apesar de suas muitas qualidades, o Volvo B58 tinha um ponto que dividia opiniões: a manutenção.
A posição do motor, localizada sob o salão de passageiros, tornava o acesso ao motor e à transmissão um verdadeiro quebra-cabeça.
Para muitos mecânicos, isso era um desafio constante, especialmente em situações de manutenção emergencial, onde era preciso permanecer deitar e em uma posição desconfortável para acessar componentes do motor e do câmbio.
No entanto, para as empresas, os benefícios operacionais superavam os desafios de manutenção.
O Legado do Volvo B58
Embora tenha sido descontinuado antes do B10M, o Volvo B58 continua sendo lembrado como um marco no transporte rodoviário e urbano. Sua confiabilidade, versatilidade e design inovador abriram o caminho para os sucessos futuros da Volvo.
Para quem já viajou ou trabalhou com um Volvo B58, ele não era apenas um ônibus; era uma máquina de engenharia que representava o futuro do transporte e trouxe o DNA da Volvo para a história do transporte brasileiro.
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