O Volvo B10M é um daqueles modelos que deixaram uma marca eterna no transporte de passageiros. Mais do que um chassi de ônibus, ele é sinônimo de inovação, versatilidade e desempenho, sendo lembrado com carinho tanto por motoristas quanto por empresas de transporte.
Fabricado fora do Brasil entre 1978 e 2003, o B10M é um exemplo perfeito de como robustez e tecnologia podem se combinar para criar um dos veículos mais respeitados da história rodoviária. Vamos explorar por que este modelo merece estar no pedestal dos clássicos.
A História do Transporte tem um Ícone
Lançado em 1978 pela Volvo Internacional, o Volvo B10M rapidamente conquistou o mercado mundial, incluindo o Brasil, onde começou a ser fabricado em 1986. Apesar de ter surgido durante o reinado do Volvo B58, o B10M nunca foi exatamente um substituto.
Os dois modelos coexistiram por muitos anos, cada um atendendo a públicos específicos: enquanto o B58 era uma opção mais econômica com motor menos potente e suspensão mista (feixe de molas e bolsas de ar), o B10M oferecia um pacote superior, com motor de maior potência, suspensão pneumática integral e um desempenho que encantava empresas e passageiros.
O centro de gravidade do Volvo B10M era um dos seus maiores destaques. Graças ao motor montado horizontalmente no centro do chassi e próximo ao solo, o modelo oferecia uma estabilidade superior, especialmente em curvas e manobras de alta velocidade.
Essa característica fazia do Volvo B10M uma escolha ideal para operações em estradas sinuosas ou de grande tráfego, onde a segurança e o controle do veículo são cruciais.
A configuração do motor também reduzia a oscilação lateral do ônibus, proporcionando uma viagem mais confortável para os passageiros, mesmo em terrenos irregulares.
Esse design equilibrado era um diferencial que consolidava o B10M como uma referência em desempenho e segurança no transporte rodoviário.
Motor Central Volvo: Uma Revolução Operacional
O grande diferencial do B10M rodoviário era o motor montado no centro do chassi, entre os eixos. Essa configuração inovadora proporcionava várias vantagens:
- Maior Capacidade de Bagagem: Diferente dos modelos com motor traseiro, o B10M liberava espaço nos bagageiros, permitindo que empresas transportassem mais cargas e encomendas. Essa característica era especialmente valiosa em linhas rodoviárias de longa distância.
- Desempenho Potente: Equipado com motores de 310 à 340 cavalos, o Volvo B10M tinha força suficiente para enfrentar subidas íngremes e longas viagens. Além disso, todas as suas versões incluíam intercooler integrado ao motor, garantindo maior eficiência térmica ao modelo.
- Configurações Flexíveis: Disponível nas versões 4×2 e 6×2, o chassi atendia tanto a linhas de alta demanda quanto a operações de menor porte, sempre com a confiabilidade que é marca registrada da Volvo.
Ficha Técnica Completa Volvo B10M no Brasil
O Volvo B10M foi um dos modelos mais versáteis e robustos já produzidos pela marca sueca. Com uma longa trajetória no mercado brasileiro, ele atendeu a diferentes segmentos do transporte, desde operações urbanas até o transporte rodoviário de longa distância.
A tabela apresentada reúne as 11 versões diferentes produzidas e vendidas e vendidas no Brasil com a ficha técnica resumida, destacando potência, torque e o período de produção de cada modelo.
Tipo | Chassi Modelo | Potência | Torque | Fabricação |
---|---|---|---|---|
B10M ECO 245 4×2 Urbano | THD 102 KF | 245 cv @ 2.200 rpm | 1.050 Nm @ 1.400 rpm | 1989-1998 |
B10M ECO 245 Articulado | THD 102 KF | 245 cv @ 2.200 rpm | 1.050 Nm @ 1.400 rpm | 1994-1998 |
B10M EDC 245 4×2 Urbano | DH10A 245 | 245 cv @ 2.200 rpm | 1.050 Nm @ 1.400 rpm | 1998-2003 |
B10M EDC 285 4×2 Urbano | DH10A 285 | 285 cv @ 2.200 rpm | 1.200 Nm @ 1.400 rpm | 1998-2003 |
B10M EDC 285 Articulado | DH10A 285 | 285 cv @ 2.200 rpm | 1.200 Nm @ 1.400 rpm | 1998-2003 |
B10M EDC 285 Biarticulado | DH10A 285 | 285 cv @ 2.200 rpm | 1.200 Nm @ 1.400 rpm | 1998-2003 |
B10M 310 4×2 Rodoviário | THD 101 KC | 310 cv @ 2.200 rpm | 1.240 Nm @ 1.400 rpm | 1986-1998 |
B10M EDC 340 4×2 Rodoviário | DH10A 340 | 340 cv @ 2.200 rpm | 1.500 Nm @ 1.400 rpm | 1998-2003 |
B10M EDC 340 6×2 Rodoviário | DH10A 340 | 340 cv @ 2.200 rpm | 1.500 Nm @ 1.400 rpm | 2001-2003 |
B10M EDC 340 Articulado | DH10A 340 | 340 cv @ 2.200 rpm | 1.500 Nm @ 1.400 rpm | 1998-2003 |
B10M EDC 340 Biarticulado | DH10A 340 | 340 cv @ 2.200 rpm | 1.500 Nm @ 1.400 rpm | 2003-2003 |
Destaques Técnicos
A tabela evidencia a evolução das especificações do B10M ao longo dos anos. Desde as primeiras versões rodoviárias com o motor THD 101 KC, de 310 cv, até os modelos urbanos e articulados mais recentes, com motores DH10A, de até 340 cv, o B10M foi projetado para atender às demandas crescentes do mercado de transporte.
Entre as informações mais relevantes da ficha técnica, podemos destacar:
Potência: Em toda a história de produção dos chassis Volvo B10M, a potência dos motores variou de 245 cv a 340 cv, sendo ajustados ao longo do tempo e conforme a aplicação.
As versões rodoviárias eram otimizadas para alto desempenho em longas distâncias, enquanto os modelos urbanos e articulados priorizavam eficiência em rotas de alta demanda e algumas versões contavam com parcerias com as fabricantes de Câmbio Alisson ou ZF para equipar os veículos.
Torque: Com valores entre 1.050 Nm e 1.500 Nm, os motores garantiam força suficiente para enfrentar subidas íngremes e operar em condições adversas, especialmente no transporte pesado de passageiros e cargas.
Faixa de rotação: Todos os modelos tinham potência máxima atingida a 2.200 rpm, o que trazia uma maior agressividade na operação, tendo a sensação de que o “Volvo” precisava urrar pra te entregar a potência escondida em seu motor. O torque máximo era entregue a 1.400 rpm, o que garantia uma operação estável e econômica.
Durabilidade e Versatilidade do Volvo B10M
Quem já trabalhou com um Volvo B10M sabe: ele era um “verdadeiro tanque de guerra”. Sua estrutura robusta e mecânica confiável faziam com que ele suportasse décadas de uso intenso. Era comum encontrar esses veículos ainda operando em rotas intermunicipais e interestaduais anos após o fim da produção.
A suspensão pneumática, presente em todas as versões, também era um ponto alto. Ela garantia conforto para os passageiros, confiabilidade nas curvas e resistência para encarar as estradas brasileiras, muitas vezes desafiadoras.
Principal Desvantagem do Volvo B10M
Uma das desvantagens do Volvo B10M era o motor montado horizontalmente e posicionado muito próximo ao solo. Essa configuração, embora funcional para liberar espaço nos bagageiros e garantir um centro de gravidade mais baixo, também trazia desafios.
Não era incomum ouvir relatos de motoristas que enfrentaram problemas sérios devido a impactos causados por pedras, irregularidades no pavimento ou até mesmo ao transitar por lombadas e valetas mais profundas.
Em alguns casos, esses impactos resultavam em danos ao cárter ou até mesmo ao bloco do motor, gerando custos elevados de reparo e períodos de indisponibilidade do veículo.
O Pesadelo dos Mecânicos?
Nem tudo foram flores no caminho nessa trajetória, apesar de suas muitas qualidades, o B10M tinha um ponto que dividia opiniões: a manutenção.
A posição do motor, localizada sob o salão de passageiros, tornava o acesso ao motor e à transmissão um verdadeiro quebra-cabeça.
Para muitos mecânicos, isso era um desafio constante, especialmente em situações de manutenção emergencial, onde era preciso permanecer deitar e em uma posição desconfortável para acessar componentes do motor e do câmbio.
No entanto, para as empresas, os benefícios operacionais superavam os desafios de manutenção.
Empresas que Apostaram no Volvo B10M
O B10M foi amplamente adotado por empresas brasileiras, tanto no transporte rodoviário quanto no urbano. Entre as principais companhias que incorporaram esse modelo à frota, podemos destacar:
- Viação Garcia: Utilizou o B10M em suas rotas de longa distância, aproveitando ao máximo sua capacidade de carga e conforto.
- Nacional Expresso: Ícone do transporte rodoviário, a “NAEX” utilizou o B10M em várias de suas linhas interestaduais e intermunicipais
- Expresso Gardenia: Uma das mais icônicas empresas mineiras, apostou no modelo pela sua eficiência e robustez.
- Eucatur: Presente em rotas extensas que atravessam vários estados, aproveitou a durabilidade do B10M para operar com confiança.
Além disso, empresas como Pluma, São Geraldo e Expresso de Prata também aproveitaram o potencial desse chassi em suas operações.
Legado Eterno
O Volvo B10M deixou de ser fabricado em 2003, mas sua lenda continua viva.
Alguns desses ônibus ainda circulam pelo Brasil, especialmente em regiões onde a renovação da frota ocorre de forma mais lenta.
Além disso, ele permanece na memória de quem teve a oportunidade de trabalhar com esse modelo, seja como motorista, mecânico ou empresário.
Por Que o Volvo B10M É Um Ícone?
Colocar o B10M em um pedestal é mais do que justo. Ele representou o equilíbrio perfeito entre potência, conforto e eficiência, atendendo às necessidades de empresas e passageiros por décadas. Seu impacto no transporte rodoviário foi tão grande que ele se tornou referência para gerações futuras de ônibus.
Para quem ama histórias de inovação e sucesso no setor de transporte, o Volvo B10M é um capítulo obrigatório. Ele não é apenas um chassi; é um símbolo de como tecnologia e visão podem mudar o jogo.
Se você já teve a chance de viajar em um B10M, sabe que ele é mais do que um ônibus: é uma lenda sobre rodas e foi montado em todas as carrocerias do mercado para sua época: Nielson, Marcopolo, Busscar, Ciferal, Comil, Thamco e CAIO.
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